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PANGRAFIAS

14ª Bienal Internacional de Curitiba
25.09 – 06.12.2019

O Palacete na Bienal – Entrando em sua 14ª edição sob o conceito curatorial Fronteiras em Aberto, a Bienal de Curitiba acontece entre os dias 21 de setembro de 2019 e 1º de março de 2020. A proposta temática é um diálogo com a situação de refronteiras e desfronteiras do mundo atual, com a desconstrução das noções de fronteiras físicas as transformações que elas sofrem no decorrer do tempo a partir das relações mutantes entre sujeito e espaço, procurando uma nova cartografia simbólica, de novos sinais. Os países membros do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são os grandes homenageados desta Bienal, que apresenta, com destaque, trabalhos inéditos de artistas contemporâneos originários desses países.

A Bienal de Curitiba esteve presente no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões em 2019 com a exposição Pangrafias. Com curadoria geral do crítico, escritor e poeta Adolfo Montejo Navas, a exposição reuniu obras de Fernando Lemos (Ecos Estrelados), León Ferrari (No Princípio), Cabelo (Sem Título [12]) e Shirley Paes Leme (Em Família) e propôs discutir o campo entre escrita e desenho, pintura e caligrafia, cartografia e caligrafia – a partir da textualidade visual apresentada pelas obras que integraram a exposição.

#TextoCrítico

Pangrafias

_Adolfo Montejo Navas

Na fronteira entre o desenho, a caligrafia, a partitura, entre os signos de livre anotação e a figuração, da escrita e da criação de imagens, Pangrafias explora alguns caminhos ilustres dessa via híbrida, através de alguns representantes emblemáticos. Contando com a participação de Fernando Lemos (Portugal), León Ferrari (Argentina), Cabelo e Shirley Paes Leme (ambos, Brasil), Pangrafias faz desse território uma cartografia e uma semântica do aberto. Aquela observação de Paul Valèry sobre o desenho ser a mais obsedante tentação do espírito cumpre-se afirmativamente nos exemplos estrelados dos quatro artistas, assim como a ideia de Paul Klee de que “escrever e desenhar são no fundo o mesmo”. O meio-fio da linguagem é também o sinuoso perfil que habita letras, signos, grafismos, imagens. Aqui, o visual e o verbal entrecruzam suas raízes e devires. Se os gregos chamavam gráphein ao ato de escrever e desenhar, shodu para os chineses aludia, indistintamente, à caligrafia e à pintura. A textualidade visual dessas contraescrituras desenha uma trama diferente do visível e do legível. É uma recuperação atávica, pré-logos, essencial de uma linguagem, cuja genealogia vem de longe.

Sobre o curador
Adolfo Montejo Navas nasceu em Madri, Espanha, em 1954, mas mora no Brasil há 26 anos. É poeta, artista visual, crítico e curador independente. Colaborador de diversas publicações culturais da Espanha, Brasil, América Latina. É pesquisador de arte contemporânea internacional e brasileira e autor de livros de Anna Bella Geiger, Victor Arruda, Regina Silveira, Iberê Camargo, Paulo Bruscky e outros renomados artistas. Realizou inúmeras curadorias monográficas no Brasil e Espanha (últimas em destaque, Arruda Victor, MAM, RJ, 2018 e Arthur Omar – A origem do rosto, SESC, SP, 2018). Recentemente publicou Fotografia e poesia (afinidades eletivas), UBU, 2017 e Poemas casuais, outros, Medusa, 2018. Entende todo seu trabalho crítico, curatorial, literário e de projetos culturais como fronteiriço e transversal. Algumas frentes de pesquisa são a teoria da imagem e a fotografia, a poesia visual, as relações e afinidades palavra/imagem.

León Ferrari – (1920-2013) Nascido na Argentina é um dos artistas latino-americanos mais consagrados mundialmente. Foi aclamado na Bienal de Veneza, em 2007, recebendo o Leão de Ouro em reconhecimento por sua obra. Em sua prática artística, faz uso de distintas linguagens, como a escultura, o desenho, a caligrafia, a colagem, a instalação e o vídeo. Em Pangrafias, três obras referenciais de sua produção compõem o conjunto intitulado “No Princípio”. 

Rodrigo Saad – [Cabelo] Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, 1967, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ. Cabelo é poeta, músico e artista plástico. Considera seus desenhos, pinturas, esculturas, canções, performances, vídeos e instaurações, como manifestações da poesia. Segundo Cabelo, “essas várias linhas de força de sua poética têm como foco um acontecimento expressivo sempre marcado pela presença contundente do corpo”. Sem Título [12] trouxe um conjunto de trabalhos instalados na Torre do Palacete.

Fernando Lemos – (1926 – 2019) Renomado artista gráfico e poeta, Fernando Lemos nasceu em Lisboa. Seguindo uma trajetória aparentemente característica dos jovens artistas do último século, dedicou-se também à fotografia ao final da década de 1940, com flertes com o movimento surrealista europeu. Possuía uma profunda ligação com o Brasil fixando residência no país a partir de 1953. Faleceu em 2019, poucos dias após o encerramento de sua exposição “Ecos Estrelados” no Espaço Cultural BRDE – Palacete dos Leões.

Shirley Paes Leme – Nascida em 1955, iniciou em 1975 sua formação artística no curso de Belas-Artes da UFMG e foi aluna de Amílcar de Castro. Entre 1981 e 1986 viajou para diversos países; estudou na Universidade do Arizona em 1983, no Instituto de Arte de San Francisco e na University of California, Berkeley, em 1984.  Em 1986, obteve o título doutora em Artes na J.F.K. University, Berkeley. Foi bolsista da Fundação Fullbright de 1983 a 1986. Executa desenhos, intervenções, performances e instalações. Tem recebido vários prêmios nos principais salões brasileiros e norte-americanos. Realiza exposições individuais no Brasil e no exterior.  Participa de coletivas desde 1975. Apresentou o o trabalho site-specificEm Família” instalado na Sala da Lareira.

Realização Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba – Paraná Apoio Gentil Carioca e Galeria Nara Roesler Fotos Divulgação/Fabiana Caldart