O Palacete, concluído em 1902, é um exemplo do ecletismo, uma tendência predominante no final do século XIX e início do XX durante o ciclo da erva-mate, que impulsionava a economia de Curitiba.  Localizado no Alto da Glória, o Palacete Leão Jr. foi palco de significativos encontros sociais da época.

O engenheiro Cândido de Abreu construiu o palacete para ser a residência de Maria Clara Abreu de Leão (1870-1935) e Agostinho Ermelino de Leão Júnior (1866-1907), fundadores da Matte Leão. Durante sua fase residencial, o edifício abrigou duas gerações da família.

Em 1984, a propriedade onde o palacete está situado foi adquirida pela IBM Brasil, que destinou o espaço para atividades e eventos culturais, além de construir um edifício que se tornaria parte da sede da empresa.

Posteriormente, com a compra da propriedade pelo BRDE, o Palacete foi inaugurado como Espaço Cultural em junho de 2005. Sua missão é promover a sensibilização e participação de artistas e da comunidade na vida cultural da cidade, oferecendo acesso gratuito à arte e à cultura.

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Foto: Guilherme Pupo/Divulgação Espaço Cultural BRDE
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HISTÓRIA

Na virada do século 20, o ciclo da erva-mate impulsionava a economia de Curitiba. Com uma população que ultrapassava os 35 mil habitantes, a cidade ganhava ares de modernidade e as residências dos ervateiros mudavam a paisagem urbana. A partir da região do Alto da Glória, o Palacete Leão Jr. foi cenário de importantes encontros sociais como ser a residência oficial do presidente da República, Afonso Pena, em sua visita ao Paraná, em 1906.

O ex-prefeito e engenheiro Cândido de Abreu em evento no Palacete dos Leões, projetado por ele.
Foto: Acervo Casa da Memória / FCC
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ARQUITETURA

O Palacete Leão Jr. é uma obra referencial do ecletismo arquitetônico no Paraná e um exemplar do estilo que passou a ser denominado de “arquitetura residencial dos ervateiros”, pelo pesquisador e arquiteto Key Imaguire. Projetado pelo engenheiro Cândido de Abreu, o Palacete foi concluído em 1902 aliando características neoclássicas e influências barrocas. 

A fachada é adornada com pilastras e portas em arco pleno, rica em elementos ornamentais como capitéis coríntios, balaústres, conchas, medalhões, jarros, cones espiralados e leões. Esta riqueza decorativa também se estende ao interior, com papéis de parede e teto em estuque decorados com relevos de flores, frutas e anjos. O conjunto remete a um aspecto palaciano, apresentando uma mistura de elementos neoclássicos e influências barrocas. Sua estrutura inclui uma escadaria principal, terraço, corpo original, torreão e escada lateral.

Foto: Guilherme Pupo/ Divulgação BRDE

Os princípios da simetria e modulação na composição das fachadas e o refinamento dos detalhes construtivos e ornamentais expressam os anseios de época por uma nova modernidade.

Foto: Guilherme Pupo/ Divulgação BRDE
Detalhe das cortinas do Palacete dos Leões.
Foto: Divulgação BRDE

OS DETALHES

Situado entre as duas últimas décadas do século 19 e as duas primeiras do século 20, o período eclético tem como uma de suas unidades mais significativas na arquitetura paranaense o Palacete Leão Jr. Conheça abaixo alguns detalhes que revelam traços característicos do Palacete e da assinatura arquitetônica paranaense desse período.

Interior do Palacete

Fachada do Palacete

Foto: Antonio More/ Arquivo GP - Acervo Museu Paranaense
Réplica dos Leões atualmente expostas no jardim do Palacete.
Foto: Rafael Dabul/ BRDE
Leões que ornamentaram a entrada principal do Palacete são de origem portuguesa.
Foto: Guilherme Pupo/ Divulgação BRDE

Os Leões

O leão é um elemento marcante na ornamentação do Palacete e, por sua presença nos produtos da Matte Leão, tornou-se um ícone também associado à erva-mate. O leão estilizado nas antigas latas da Leão Jr. se aproxima das cerâmicas originalmente dispostas no jardim externo do Palacete, peças de ornamentação provenientes da Fábrica Santo Antônio do Vale da Piedade, uma das mais antigas indústrias cerâmicas da cidade de Vila Nova de Gaia, em Portugal.

Restauro

Algumas características diferenciam os leões, como traços da fisionomia e a inscrição “Fábrica Santo Antônio – Porto”, uma assinatura na base que remete à produção de meados do século 19 dessa fábrica portuguesa. Ainda permanece incerta a data de instalação dos leões nos jardins do Palacete, sendo da década de 1930 a fotografia mais antiga. Ao longo dos anos, ocorreram desgastes nas peças cerâmicas que passaram por restauro. Em 2018, o BRDE, junto à equipe de restauradores, optou pela preservação dos originais e produziu as réplicas atualmente expostas no jardim.

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Patrimônio Cultural

Em 1979, a importância histórica, cultural e arquitetônica do Palacete Leão Jr. foi reconhecida por meio do Decreto Municipal 1.547, que o instituiu como Unidade de Interesse de Preservação. Em 17 de dezembro de 2003, foi finalizado o processo de tombamento 146-II pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, e o Palacete passou a integrar a relação de bens considerados patrimônios históricos do Paraná. 

Em 1979, a importância histórica, cultural e arquitetônica do Palacete Leão Jr. foi reconhecida por meio do Decreto Municipal 1.547, que o instituiu como Unidade de Interesse de Preservação(UIP). Em 17 de dezembro de 2003, foi finalizado o processo de tombamento 146-II pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, e o Palacete passou a integrar a relação de bens considerados patrimônios históricos do Paraná.

A Coordenação de Patrimônio Cultural(CPC), do Paraná, definiu em 2024 o Patrimônio Cultural como “um conjunto de recursos que viabilizam a construção de narrativas a respeito de uma determinada cultura.” Para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) o tombamento é um instrumento legal de proteção e reconhecimento do Patrimônio Cultural. Esse instrumento consiste em um conjunto de ações, realizadas pelo Poder Público (podendo ser em âmbito federal, estadual ou municipal), fundamentado por legislação específica, que visa preservar os bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, a fim de evitar a destruição e descaracterização.

Retrato histórico do Palacete dos Leões.
Foto: Divulgação/Fundação Cultural de Curitiba

Uma história que SEGUE
sendo escrita...

Crédito: Gazeta do Povo