
Diferentes setores da economia gaúcha defendem equilíbrio nas negociações com governo norte-americano.
No primeiro dia que a sobretaxa dos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros passou a vigorar, importantes setores da economia gaúcha defenderam maior equilíbrio e diplomacia nas negociações entre os dois países. “É um momento de muitas incertezas e que não vamos superar com discussões meramente políticas. Precisamos de serenidade, diálogo e diplomacia”, destacou o diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Ranolfo Vieira Júnior, durante participação no Tá na Mesa desta quarta-feira (dia 6/08).
Convidado ao evento semanal da Federasul para apresentar a linha de financiamento que o BRDE disponibilizou aos exportadores do estado impactados pela medida do governo norte-americano, Ranolfo observou que o volume de R$ 100 milhões em crédito não será capaz de superar todos os efeitos do tarifaço. “O governo do Estado e o BRDE agiram rápido com uma medida prática, mas que é paliativa. Precisamos aguardar as medidas que a União está por lançar, em especial com novas linhas do BNDES onde poderemos operar em conjunto”, ponderou o presidente.
Durante sua participação, Ranolfo disse que mais de 30 empresas já se candidataram ao financiamento para capital de giro dos exportadores e que terá um custo final entre 8% e 9% ao ano (IPCA+4% ao ano). “Até o momento, são empresas dos setores de bebidas e alimentação, metalmecânico, calçadista, madeira e moveleiro. Agora estamos numa fase de análise, mas queremos agir com celeridade”, assegurou ele.
Entre os demais participantes do Tá na Mesa, houve diferentes percepções dos impactos em cada setor, mas todos os painelistas convergiram para a necessidade de afastar as posições políticas mais extremadas da mesa de negociação. O ex-ministro da Agricultura e presidente do Conselho da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, acredita que haverá uma reversão do quadro muito pela pressão de importadores e consumidores dos EUA.
Participaram ainda do evento o presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing; a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Link, e o diretor-executivo da Câmara Americana de Comércio – Amcham, Marcelo Rodrigues. Os debates foram coordenados pelo presidente da Federasul, Rodrigo Souza Costa.
O programa
Em operação desde a última segunda-feira (dia 4/08), a linha de crédito do BRDE para as empresas exportadoras do Rio Grande do Sul terá R$ 100 milhões para os diferentes setores afetados pelas novas tarifas de exportação aos EUA. Os juros serão equalizados com recursos do governo do Estado junto ao Fundo Impulsiona Sul, instituído pelo próprio banco. Com isso, a linha de crédito para capital de giro aos exportadores terá um custo final entre 8% e 9% ao ano. O prazo do financiamento será de 60 meses, com até 12 meses de carência incluída.
Fotos: Sérgio Gonzales / Federasul
VOLTAR