Em parceira com o BRDE, Projeto Alianza del Pastizal é lançado no Palácio Piratini

Em parceira com o BRDE, Projeto Alianza del Pastizal é lançado no Palácio Piratini
Conservar os campos nativos do bioma Pampa e incrementar a produtividade rural com o manejo adequado das pastagens. Este é o objetivo do projeto Alianza del Pastizal – Produção e Sustentabilidade, lançado nesta quinta-feira (21) pelo governo do Estado. O convênio com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e a Associação para Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil) prevê R$ 6.716.000,00 em financiamentos para execução em 24 meses.

O público-alvo são produtores rurais membros da Alianza Del Pastizal (Alianças das Pastagens, em espanhol), que abrange os municípios de Lavras do Sul, Bagé, Dom Pedrito, Santana do Livramento, São Gabriel e Quaraí. Também conhecido como Campos do Sul ou Campos Sulinos, o bioma Pampa ocupa área de mais de 170 mil quilômetros quadrados (cerca de 2% do território nacional e 63% do RS), sendo constituído principalmente por vegetação campestre (gramíneas, herbáceas e árvores).

“Esse evento dá visibilidade a uma questão bem atual e muito importante que é o desenvolvimento sustentável. O que nos une aqui é um projeto que pretende integrar a produção agropecuária com a conservação da biodiversidade, nos campos nativos do Pampa gaúcho. O Estado precisa garantir que seus cidadãos tenham acesso ao próprio sustento, que sejam capazes de produzir no campo, com visão social e com sustentabilidade, mas isso precisa ser feito sem esgotar nossas riquezas naturais”, destacou o governador José Ivo Sartori.

De acordo com o diretor executivo da Save Brasil, Pedro Develey, já foi mostrado ao longo dos anos que produzir e preservar o Pampa é possível e que agora, com os novos parceiros, o projeto pode alavancar e trazer resultados ainda mais positivos. “O que precisa é uma capacitação e treinamento de manejo desses campos nativos. Ainda falta muita assistência técnica de como manejá-los e fazer com que se tornem realmente produtivos”, afirmou.

Segundo o diretor de Planejamento e Financeiro do BRDE, Luiz Corrêa Noronha, o grande objetivo é manter a diversidade. “Vivemos hoje uma encruzilhada no ambientalismo. Temos aquele ambientalismo antigo dos anos 70 e hoje a gente vive outra realidade, um ambientalismo mais de sociedade, com uma divisão de responsabilidades. E esse projeto e as suas ações são muito adequadas e vinculadas a esse segundo tipo de ambientalismo”, acrescentou.

Para a secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, este bioma é delicado e com predominância majoritária no RS, dependendo muito de pastoreio. “Os produtores aderiram a um conceito de produção ambientalmente sustentável. Com isso, a gente consegue proteger o bioma, mas ao mesmo tempo gerar renda para os produtores”, garantiu.

A Alianza del Pastizal é uma ação sul-americana liderada pela BirdLife International para a conservação dos campos naturais do Cone Sul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Conta com mais de 40 organizações entre indústrias, sindicatos rurais, instituições de pesquisa e associações de produtores. No Brasil, é mantida e coordenada pela Save, organização que preserva as aves no território brasileiro.

Como funciona

O BRDE disponibilizará uma linha de crédito de longo prazo no valor de R$ 5,2 milhões. Além deste valor, estará disponível mais R$ 1,5 milhão a fundo perdido, com recursos do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). O projeto será coordenado pela Alianza del Pastizal, iniciativa da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil/BirdLife) em parceria com as secretarias da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi), do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) e o BRDE.

O projeto prevê capacitação e difusão tecnológica aos agricultores com oficinas, dias de campo e produção de materiais técnicos. Haverá certificação de propriedades rurais adequadas ao Protocolo Alianza del Pastizal, com mínimo de 50% da área de produção mantidas sob campo nativo, com produção sustentável e com animais alimentados  à base de pastagens.

Também estarão disponíveis linhas de acesso a crédito a propriedades certificadas no BRDE, com incentivo financeiro não reembolsável a quem assumir boas práticas de melhoramento e manejo de campos nativos. Uma equipe técnica prestará assessoramento para encaminhar propostas e monitorar resultados nas fazendas.

A avifauna nativa e migratória usuária dos ecossistemas campestres ainda serão monitoradas e avaliadas por indicadores de conservação da biodiversidade.

Selo ambiental

A Alianza concede um selo ambiental à carne produzida em condições compatíveis com a conservação dos campos nativos. No RS, o programa já trabalha com 120 propriedades certificadas, o que corresponde a 88 mil hectares de pastagens. A pecuária em campo nativo bem manejado é cientificamente reconhecida como atividade que colabora à redução das emissões de gases de efeito estufa.

*Com informações e foto da SECOM/Piratini
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